8 de abril de 2011

REFLEXÃO INTRODUTÓRIA SOBRE FORTALEZAS ESPIRITUAIS

TEXTO BÁSICO: 2 CORÍNTIOS 10.1-6

Introdução
Por que, frequentemente, não conseguimos vencer alguns pecados?
Por que algumas coisas na igreja nunca mudam?
Por que algumas coisas em nossa casa nunca mudam?
Por que algumas coisas em nossos relacionamentos nunca mudam?
Por que algumas coisas (claramente condenáveis pela Bíblia, e por vezes ouvidas e repreendidas repetidamente na igreja) continuam prevalecendo na vida de muitos crentes?
Por que a liderança da igreja não consegue superar alguns desafios?


Entrando no assunto...
Já há algum tempo tenho refletido sobre estas perguntas à luz da minha própria vida, família, relacionamentos, trabalho e de uma forma especial à luz do texto que lemos que aborda um assunto pouco tratado, mas que na minha opinião está especialmente presente em nossa existência no que se refere a situações que prevalecem em nossa vida em variados aspectos, que Paulo chama aqui de fortalezas espirituais
          Antes de qualquer outra coisa, ressalto que o que se segue é apenas uma abordagem introdutória que espero servir como um desafio para nos conduzir a pensar melhor sobre o assunto, pois considero o assunto muito mais amplo do que consegui pensar até agora.

Fortalezas Espirituais – O que são?
          Algumas narrativas e ensinos bíblicos nos dão sinais da dinâmica que envolve a vida cristã, da necessidade de estarmos vigilantes e sermos diligentes e também, como queremos mostrar, de forças que se levantam contra o conhecimento de Deus e o desenvolvimento da nossa salvação.
          Todos devem se lembrar da ocasião quando Jesus repreendeu os discípulos por não conseguirem expulsar o demônio de um rapaz e, além de chamá-los de geração incrédula e perversa, acrescentou que aquela casta só poderia sair com jejuns e oração. Sem dúvida, Jesus está nos dizendo que existem situações que exigem um esforço espiritual muito maior.
          Paulo disse que “esmurrava o seu corpo e o reduzia à escravidão para que tendo pregado a outros não fosse ele mesmo desqualificado”; foi ele também quem disse que por vezes fazia o que não queria e o que queria não podia fazer e também aos gálatas advertiu sobre a luta que há entre carne e espírito e que devemos andar no Espírito para não sermos levados pela concupiscência da carne.
          Os primeiros crentes deram trabalho para entender que o Messias não tinha vindo só para os judeus, mas também para os gentios; o próprio Pedro, mesmo já tendo sido convencido há algum tempo (e pelo próprio Deus, cfme. Atos 10) pelo menos numa ocasião ainda agiu com uma certa duplicidade (e tomou uma reprimenda de Paulo). Ao longo da história temos tido notícia de coisas que prevaleceram na vida de algumas pessoas e, até, na vida da igreja que hoje nos deixam envergonhados e constrangidos, mostrando a que ponto podem chegar algumas forças que tendem a nos conduzir para longe da vontade de Deus e consequentemente nos derrotar; dois exemplos penso serem suficiente: a postura da igreja quanto à escravidão e quanto aos negros (especialmente nos Estados Unidos); a omissão da igreja nos tempos do nazismo, quando não só individualmente ,mas institucionalmente também, a igreja se excluiu de protestar e condenar a flagrante
          Fortalezas espirituais são realidades que prevalecem de tal forma na vida de alguém, de uma família, de um grupo, de uma igreja ou de uma instituição e afins que parecem invencíveis. A palavra usada por Paulo também tinha o significado de prisão, uma boa palavra que também ilustra realidades que por vezes nos envolvem, consciente ou inconscientemente, que nos prendem, enfraquecem e prevalecem sobre nós.
          Para vencê-las, precisamos primeiro nos conscientizar delas, mas também, e especialmente, precisamos nos equipar das armas espirituais que Deus coloca à nossa disposição que, segundo Paulo, são poderosas para destruir fortalezas.

Fortalezas Espirituais – O que as caracteriza em especial e como vencê-las
          Outro dia estava em São Paulo com uma irmã e uma sobrinha de sangue, e percebi por meio de uma situação como algumas idéias ou filosofias podem prevalecer em nossas vidas, mesmo quando não temos consciência delas, ou talvez especialmente neste caso.
          Estávamos numa rua movimentada e passamos perto de algumas ciganas que abordavam as pessoas para ler suas mãos e minha irmã comentou: “tá vendo que elas não vem em nossa direção?” (querendo dizer que o fato de sermos crentes promove algum tipo de livramento daquela abordagem); quando voltamos, passamos pelas mesmas ciganas, mas desta vez elas vieram em direção à minha irmã e ofereceram para ler sua sorte. Eu só olhei pra ela e já me fiz entender.
          Este episódio me fez entender o quanto nós podemos ser influenciados por pensamentos, idéias ou filosofias que se parecem muito com a verdade, mas não passam pelo teste da realidade. Em minhas conversas com minha irmã, descobri que ela gosta muito dos programas evangélicos de televisão e pareceu bastante influenciada por alguns aspectos da teologia da prosperidade e por algumas idéias pentecostais e neopentecostais sobre batalha espiritual. Na oportunidade a adverti de que precisava tomar cuidado para não ser levada por ensinos que parecem ser muito bons, mas que na verdade não passam por um teste bíblico apropriado.
          Paulo chama estas fortalezas de sofismas. Sofismas são raciocínios enganosos, grandes mentiras disfarçadas de verdade.  Um argumento elaborado com a intenção de enganar; mas Paulo também  diz que tais sofismas estão relacionados a uma “altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus”.
          Idéias, filosofias ou convicções que prevalecem em nossas mentes e que nos levam a pensar e agir de conformidade com aquilo, e que se torna tão forte que não conseguimos vencer a não ser que levemos a sério e usemos as armas certas.
          Queremos mostrar nesta seção introdutória é que o que caracteriza uma fortaleza espiritual, em especial, é o que podemos chamar de guerra pela mente, visto que é em nossa mente que se trava a verdadeira batalha, é neste âmbito que vencemos ou somos derrotados. É importante destacar também que, como é o caso de uma grande construção, uma fortaleza espiritual não se estabelece de uma vez; como sugeriu o editor da revista da ultimato numa ocasião: “o adultério começa com o relaxamento devocional”; daí o cuidado que devemos ter para que não venhamos a ser, paulatinamente, afastados da vontade de Deus  e nos vejamos numa situação em que prevalece em nossas vidas uma tremenda barreira espiritual que nos derrota e angustia.
          Por isso, Paulo nos diz aqui que as fortalezas se colocam especialmente contra o conhecimento de Deus e as armas espirituais que vencem tais fortalezas são armas que tem o propósito de “levar cativo todo pensamento à obediência de cristo”.
          Curiosamente, pensando em fortalezas como algo que nos prende, aprendemos com Paulo que ou seremos limitados e aprisionados por tais fortalezas, ou usando a armas espirituais seremos aprisionados a Cristo. Lembrando que quando fala de “armas Espirituais” aos efésios ou, literalmente, da armadura de Deus, o apóstolo nos mostra que tal armadura pode ser resumida numa só coisa: o revestimento imprescindível da Palavra de Deus nas nossas vidas.
          Daí a insistência das Escrituras em cultivamos que alguém chamou de um “pensar biblicamente”. O apóstolo Paulo, num texto bastante conhecido (mas que parece pouco praticado), nos diz que somos transformados através da renovação de nossas mentes. Foi da pena de Paulo que também saiu o “habite ricamente em vós a Palavra de Cristo”. Um escritor comenta que “As Escrituras são a corda salva-vidas que Deus nos atira para garantir que ele nós permaneçamos conectados enquanto o resgate está em andamento.” Acrescento que se não estivemos preso às Escrituras e naturalmente ao Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, certamente seremos imersos nas águas profundas das fortalezas espirituais do mal que querem nos levar de volta às práticas de quando ainda estávamos na ignorância.
         

Conclusão
          Este é um assunto que requer um tratamento muito mais profundo e abrangente do que consegui ou pretendi aqui, mesmo assim tenho a expectativa de que, pela graça de Deus, no mínimo sejamos levados a refletir sobre estas questões a fim de que não sejamos ou não continuemos a ser derrotados pelas fortalezas espirituais do mal, que cada vez mais se têm levantado contra nós, nossa família, nossa igreja, nossos relacionamentos, nosso trabalho e afins.
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