3 de setembro de 2010

Pastoral



Enquanto vocês vão...
Rev. Djaik Souza Neves

Meditar mais uma vez no conhecido texto da grande comissão, me levou de forma mais detida a pensar na relação de nossa vida normal aqui neste mundo com a missão que nos foi dada; pensei não diretamente no mandato para evangelização ou discipulado, mas na relação desse com a nossa vida comum, justamente porque a ordem dada por Jesus estabelece esta relação essencial que normalmente tem sido desconsiderada, enquanto se valoriza uma em detrimento da outra.
Como já tem sido amplamente conhecido, o “ide” assim traduzido, na verdade é “indo” no original grego, mas também, como sugerimos no título deste, “enquanto vocês vão”; pode não parecer a princípio, mas o modo como Jesus originalmente falou, registrado pela pena de Mateus, é especialmente relevante no que se refere à conciliação entre a nossa vida e a missão que nos foi dada.
Uma nova leitura da grande comissão como propomos aqui, nos faz perceber que a ordem de Jesus tem uma abrangência e implicações muito maiores do que estamos acostumados a pensar e provavelmente a praticar.
 “Enquanto vocês vão” significa que mesmo que permaneçamos onde estamos (e normalmente a maioria de nós permanece) fomos chamados para, ali, vivermos como discípulos e levarmos outros a conhecer a Jesus de perto através de nossas vidas e testemunho verbal.
 “Enquanto vocês vão” significa que Jesus não planejou que seu povo fosse meramente um gueto, um grupinho fechado que se diz salvo e caminhando para o céu, mas estabeleceu que estivéssemos neste mundo, mesmo sem ser do mundo, fazendo o que todas as pessoas fazem normalmente, com o diferencial de que possuímos a vida de Deus em nós e um chamado especial para conduzir outras pessoas ao conhecimento de Jesus.
 “Enquanto vocês vão” estabelece que somos todos parte de um povo em missão e que, de fato, existem aqueles que recebem uma incumbência de ir para outros lugares ou, mesmo, para assumirem uma liderança oficial como pastores, presbíteros, evangelistas e afins, mas Jesus nos mostra que são missionários igualmente aqueles que ficam ou que não foram eleitos ou designados para quaisquer cargo, mas de igual modo foram chamados para conduzir outras pessoas a Jesus.
Já foi dito que quem “não é missionário é campo missionário”. O Mestre deixou claro que, tendo sido feitos discípulos, chamados para andar com Jesus, aprender com Ele e segui-lo de perto, naturalmente nos tornamos missionários, visto que foram justamente os discípulos que foram chamados para fazer outros.

Rev. Djaik Souza Neves
Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
Mestrando em Teologia Sistemática pelo Andrew Jumper-SP.


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